O recuo progressivo das expectativas de inflação tem sido recebido com alívio em todo o país, especialmente pelas autoridades monetárias. Apesar do superávit primário de 2,5 % do PIB para pagar juros, o déficit nominal do setor público foi da ordem de 2,6% do PIB, mesmo levando-se em conta a queda da taxa Selic dos 12,5% aa em agosto/2011 para os atuais 10,5% aa.
Se com tudo
isto, continua havendo queda nas expectativas de inflação, é fácil perceber que
os fatores dominantes de deflação são de origem externa, pois suplantam o
efeito doméstico de maior pressão sobre os preços, que caracterizam a presença
de déficit nominal sistemático como enfrentamos.
A
valorização enfrentada pelo dólar neste começo de 2012 tem sido m componente
importante na moderação dos preços, seja diretamente ou indiretamente via a
facilitação da oferta das importações. A fuga do Euro e a substituição pelo
dólar pode se acentuar com a retomada da economia norte-americana. Esse antigo
privilégio do dólar como moeda de livre conversibilidade parece funcionar como
refúgio preferencial diante do colapso do Euro. Tudo isto parece indicar uma
nova oportunidade para os EUA promoverem uma nova emissão de grande magnitude
de sua moeda.
Nossa
percepção da economia mundial nos mostra que dificilmente os EUA irão assistir
de braços cruzados a valorização de sua moeda, com todos os problemas que isto
traria, especialmente no comércio de mercadorias e serviços.
Isto posto, a hipótese de um novo Tsunami monetário, a ser posto em marcha pelo EUA, é cada vez menos remota. Mais sério ainda é o fato de que se este evento nos apanhar praticando as atuais taxas de juros primárias, seremos tragados por um mar de dólares que nos obrigará a assistir a uma valorização do real ainda maior do que os atuais R$1,70.
Some-se a
tudo isto o baixo resultado do crescimento do PIB registrado em 2011, inferior
aos 3,0% e muito aquém das expectativas mais pessimistas e teremos um quadro de
claro consenso em torno da redução das taxas de juros no Brasil.
O recente
episódio de flexibilização ideológica do governo ao privatizar os aeroportos é
um indicador de que nem mesmo o conservadorismo tradicional de nossa política
monetária poderá ficar indiferente ao ajuste das taxas primárias de juros.
Objetivamente falando, podemos mencionar o
consenso formado em torno do inadequado nível de taxas de juros que, de um
lado, continuam atraindo a liquidez internacional, valorizam nossa taxa de
câmbio e tiram da indústria a competitividade e as oportunidades de concorrer
no plano internacional.
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