sábado, 14 de maio de 2011

Tsunami Monetário em dólar aumenta a velocidade de valorização do Yuan.


A expansão monetária conduzida por Ben Bernanke (presidente do FED) desde o final de 2010 está quase completa. A Base Monetária nos EUA saltou dos US$ 1,96 trilhões em outubro de 2010 para US$ 2,5 trilhões em abril de 2011, aproximando-se essa expansão já dos USS$ 0,60 trilhões planejados inicialmente. Com isto, de agora em diante, a entrada de dólares nos países emergentes tende a ser menor do que a registrada neste início de 2011.

A decisão norte-americana em promover esse inusitado derrame de dólares por todo o planeta provocou reações em toda parte e ficou conhecida como Tsunami Monetário.

Embora não declarada, a motivação política principal de tal decisão foi dar uma resposta à prática predatória chinesa de manter sua moeda super-desvalorizada artificialmente. Devemos lembrar também que essa decisão aproveitou-se das circunstancias especiais em que se encontra a economia norte-americana, onde prevalecem ainda baixa inflação acompanhada de baixos níveis de atividade econômica.

A condição única e singular, ostentada pelo dólar, de ser a única moeda 100% conversível de todo o planeta, pois é aceita como meio de pagamento na liquidação de transações em qualquer lugar, é, sem dúvida, um privilégio que nenhum outro país mais tem.

Sem entrar no mérito de questões éticas, de parte a parte, tanto os EUA como a CHINA enfrentam-se em jogo Estratégico.

Isto posto, podemos afirmar que, entre tantas outras, a peça central da Estratégia Chinesa é manter sua moeda especialmente desvalorizada em relação ao dólar, pois esta ostenta ainda a condição de grande moeda conversível do planeta, emitida que é pelos EUA, ainda sua maior e mais poderosa economia, apesar dos problemas que enfrenta desde 2008.

A Rationale econômica por trás do Tsunami Monetário posto em prática pelos EUA, para fazer frente à super-desvalorização do Yuan em relação ao Dólar é simples e sugere alguns comentários:

- uma disponibilidade maior de Dólar tende a aumentar a entrada de capital que os investidores levam para os países emergentes, como China, Brasil e outros, pois é a parte do mundo que mostra crescimento econômico e taxas de retorno compensadoras;

- a entrada de capital adicional na China em 2011 poderia ultrapassar a alta capacidade de poupar da China (superior a 40% PIB), que se veria com isto obrigada a valorizar sua moeda ou a emitir títulos públicos para recomprar o cambio, inflacionando sua economia;

- os números mostram que a estratégia norte-americana já está dando certo, já está acontecendo. Em relação á média da taxa de câmbio praticada em 2010. 6,76 Yuan/US$, a atual taxa de câmbio neste mês de maio de 2011, 6,49 Yuan /US$, já está 4% mais valorizada, dando maior velocidade ao lento processo de valorização daquela moeda;

- no Brasil essa entrada adicional de dólares promoveu uma valorização adicional da taxa de câmbio, que mudou-se em 2011 dos já valorizados R$/US$ 1,70 para os atuais R$/US$ 1,57, ou seja, 6,75% de valorização adicional em apenas quatro meses.

CONCLUSÕES:

- A grande arma utilizada pelos norte-americanos, com alta capacidade dissuasória, capaz de mover a taxa de câmbio chinesa, que vem sendo mantida desvalorizada com o uso da maior taxa de poupança do planeta, só foi possível a partir da aceitação universal do dólar como meio de pagamento;

- o lastro que confere aceitação ao dólar está ancorado no passado e na estrutura de instituições que lá foram estabelecidas. A crise financeira de 2008, que culminou com a destruição de um espetacular estoque de ativos financeiros, deixou uma recessão não menos espetacular no primeiro mundo;

- as lições da crise sugerem que tanto a conversibilidade das moedas como a sobrevida das instituições globais no futuro próximo, exigem a presença de maior regulação financeira e do desenvolvimento de Políticas Econômicas menos dependentes dos humores políticos e especificidades técnicas locais;

- a entronização do princípio da sustentabilidade deve ajudar a estimular o surgimento de estabilizadores automáticos, aumentando a consistência intertemporal dos processos e instrumentos de crescimento e desenvolvimento econômico.

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Macroeconomista, Consultor e Professor da Fundação Getúlio Vargas - FGV e da FK Partners. Autor do livro Saia do Vermelho - Editora Qualitymark

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