quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Serviços e Turismo lideram o reequilíbrio comercial nos EUA na Nova Década


A trajetória de crescimento das vendas de serviços e turismo dos EUA para os países cujas moedas mais se valorizaram em relação ao dólar nos últimos anos é altamente significativa.

Aquilo que não acontece pelo lado da exportação de bens, felizmente ocorre com os serviços e pacotes turísticos, que crescem a taxas cada vez maiores.

A concorrência direta promovida pela prática chinesa de acompanhar a desvalorização do dólar, ao manter uma paridade fixa com a moeda norte-americana, impacta com especial intensidade sobre os mercados norte-americanos de bens, mas pouco sobre os mercados de serviços e de turismo.

Os números, divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA, mostram que a quebra de ritmo nas taxas de crescimento das exportações de serviços em 2009, ainda no rastro da crise iniciada em set/2008, já foram totalmente superadas e suplantadas em 2010. Como o mesmo não acontece com a balança comercial de bens, é fácil entender a importância dos serviços para a realização do ajuste comercial norte-americano.
Nos últimos doze meses, até outubro de 2010, o superávit comercial de serviços não fatores de produção, ou seja, que excluem as remessas de lucros das empresas e trabalhadores norte-americanos que se dirigem aos EUA chegou a US$ 146,53 bilhões, mostrando um crescimento de 11,0% em relação aos US$ 132,00 bilhões registrados em 2009.

Esse superávit comercial de serviços de US$ 146,53, que mostra uma forte resposta à desvalorização do Dólar, é liderado pelos setores de:

a) Royalties e licenças - US$ 77,0 bilhões

b) Outros serviços privados - US$ 74,20 bilhões

c) Pacotes turísticos - US$ 26,8 bilhões

Este conjunto de fatos é suficiente para estimular os norte-americanos a manter a decisão, recentemente declarada por Ben Bernanke-presidente do FED, de aumentar em 30% nos próximos seis meses, a quantidade de dólares em circulação no planeta.
A racionalidade econômica por trás dessa decisão é bem simples. Trata-se de aproveitar a condição de plena conversibilidade que ainda ostenta o dólar, para promover desvalorizações adicionais dessa moeda que deixem os chineses menos confortáveis para administrar em seu benefício a taxa de câmbio do Yuan em relação ao Dólar.

Mais do que isso, os EUA aproveitam o bom momento criado pela elevação da inflação na China, que ameaça consolidar-se acima dos 5,0% a.a. em 2011, para desarmar a armadilha cambial chinesa.

Aos chineses, por sua vez, cabe valorizar sua moeda, exportar um pouco menos, controlar a inflação e alterar o mix de seu crescimento econômico, dando maior ênfase a seu mercado interno.

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Macroeconomista, Consultor e Professor da Fundação Getúlio Vargas - FGV e da FK Partners. Autor do livro Saia do Vermelho - Editora Qualitymark

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