sexta-feira, 23 de novembro de 2012

COMÉRCIO E SERVIÇOS em expansão: Mais de 2 milhões de novos CNPJ a cada ano.


A lei complementar que criou o regime do micro empreendedor individual - MEI em julho de 2009, tem evoluído rapidamente com a emissão de mais de 2 milhões de novos CNPJ por ano.

A maioria esmagadora desses novos CNPJ está localizada na área de Comércio e Serviços. Feito para superar os principais obstáculos que sempre caracterizaram a abertura de novas empresas em nosso país, a formalização é feita através de um site eficiente em menos de 15 minutos.

Para obter o CNPJ pede-se que o candidato, através do site na internet, emita um carnê para pagamento de 5% de um salário mínimo por mês e escolha sua atividade em uma lista identificada no próprio site e cadastrada segundo o CNAE - código nacional de atividade, gerido pelo IBGE.

Uma vez inscrito no CNPJ da Receita Federal, munido do carnê do INSS e, portanto, identificado junto às estatísticas oficiais, o trabalhador que já possuía um CPF passa a ter um CNPJ, com isenção do imposto de renda até uma renda de R$ 60.000,00 por ano. 
Nada mal.

O primeiro efeito de tal magnitude na formalização dos trabalhadores, outrora desempregados, é a redução do risco de ficar sem renda. E o segundo, é a inclusão do seguro previdenciário: INSS.

Isto vai além, obter um CNPJ abre as portas ao crédito dos bancos públicos e, ademais, facilita a contratação da prestação de serviços e fornecimento ao governo e ao setor privado em geral.

O setor de Comércio e Serviços só tem a comemorar, em poucos anos, essa forte criação de empresas vai fortalecer a legitimidade da representação dentro da economia e, ademais, vai representar uma importante injeção de recursos no chamado Sistema S*, pois a arrecadação deverá surgir e crescer inevitavelmente.


Mais ainda, em termos macroeconômicos, pode ajudar a explicar como um país que sempre conviveu com altas taxas de desemprego, começa a dar sinais de falta de mão de obra em vários setores, mesmo com a economia em pleno desaquecimento.


Transformar esse estado de coisas em uma oportunidade de crescimento do emprego e da renda é o que esperamos, agora que o  risco de operar malfeitos  com a gestão dos recursos públicos passou a ser punido como crime.   



* O Sistema S é formado pelas empresas SESC, SESI, SENAI, SEBRAE, SESCOOP, SEST/SENAT, ASTIR, SENAC e outras instituições ou organizações do setor produtivo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

LIMITAÇÕES MACROECONÔMICAS AO INVESTIMENTO NO BRASIL





Apesar da queda dos juros primários, tais restrições não são pequenas, nem de fácil solução. 


Para entender melhor, vejamos: 



1.              Gráfico do crescimento real do PIB de 1990 a 2012 mostra  grande volatilidade e que nos encontramos em ramo notoriamente descendente do ciclo econômico;

  
2.              Infraestrutura econômica deteriorada e incompleta está muito além das possibilidades de poupar e investir a curto e médio prazo do estado brasileiro. Essa percepção inibe o investidor privado, que aguarda a posta em marcha das parcerias público-privadas, enfim, a privatização;

3.              Poupança pública negativa (gasto corrente superior à receita) limita quase absolutamente o investimento do governo;

4.              Poupança doméstica bruta próxima a 16% do PIB não é suficiente para garantir o crescimento econômico sustentável acima da média observada de 3,2%aa de 1994 até 2012;

5.              Poupança externa está limitada ao nível do déficit em transações correntes (inferior a 3,5% do PIB). Logo, a maior parte do capital externo que ingressa no país tem que ser esterilizado na forma de reservas internacionais;
  
6.              O governo já percebeu que emitir títulos do Tesouro e alocá-los para desembolso através do BNDES é artifício que ignora a restrição orçamentária macroeconômica do país, contribuindo para aumentar a inflação e os desequilíbrios da economia;

7.              Cabe lembrar que o nível de inadimplência sobre os empréstimos das pessoas físicas é muito superior ao das pessoas jurídicas, praticamente o dobro;

8.              Ademais, devemos apontar que isto é nada surpreendente, pois a participação do crédito no PIB passou de 30% para 50% em uma década, aumentando sobremaneira a exposição da população às oscilações do ciclo econômico;



Tudo isto posto, fica mais fácil entender como a combinação de falta de regras e de uma estratégia mais clara, de recursos e de uma economia mundial ainda fraca, tem contribuído para o aumento da aversão a risco do investidor privado no Brasil.

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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Macroeconomista, Consultor e Professor da Fundação Getúlio Vargas - FGV e da FK Partners. Autor do livro Saia do Vermelho - Editora Qualitymark

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