As famílias
costumam tomar crédito para ter acesso imediato aos bens e serviços que avaliam
como importantes em sua vida.
O esforço de
realizar uma poupança prévia e, então, partir para as compras, não é, via de
regra, suficiente para atender integralmente os desejos humanos.
Os
mecanismos de crédito surgem, então, para antecipar o acesso aos bens e
serviços, trazendo, em contrapartida, o comprometimento explícito de parte
importante de sua renda no futuro.
Dessa
maneira pode-se afirmar que tomar crédito implica na realização de poupança no
futuro, no mínimo para honrar os pagamentos associados ao crédito tomado hoje.
Essa
poupança forçada no futuro decorre, portanto, de uma decisão tomada hoje ao assumir
algum crédito.
Em
conseqüência, a importância do planejamento na hora de tomar o crédito é decisiva
para seu bem estar e equilíbrio financeiro. Se o crédito se destina a algum
investimento é muito provável que o bem adquirido nos recompense ao longo de
sua vida útil.
Por outro
lado, se o crédito se destina a consumo imediato, as recompensas terão vida
curta e exigirão novos gastos ao final do prazo.
Como princípio
de orientação para as escolhas das famílias, é preciso fazer uma clara
segmentação na tomada de crédito entre consumo e investimento, pois isto pode
ajudar muito nas decisões do orçamento familiar e na qualidade futura de vida.
Longe de
dizer que o consumo não seja importante, o que afirmamos é que o crédito para
investimento deve ter preferência, pois ajuda a preparar o dia de amanhã.
A aquisição
da casa própria é certamente um desejo das famílias, talvez o investimento mais
importante para sua qualidade de vida. Esse é um caso em que o crédito tem mérito
e prioridade unânimes.
O mesmo não
poderíamos dizer do automóvel. Objeto do desejo quase universal, não se pode afirmar que se trata de um bem de investimento necessário para todas as famílias, já que isto tem uma
relação estreita com as possibilidades colocadas pelo nível de renda de cada
família.
Sem esquecer
que os custos associados à manutenção do automóvel nas cidades não são
pequenos, cabe lembrar ademais, que os sistemas de transporte coletivo: trens,
metro, ônibus, etc, devem melhorar para atender as necessidades de deslocamento das famílias dentro e fora das cidades.
Apenas para
reforçar o afirmado até aqui, vale citar os bens essenciais de uma família, que
estão mais próximos da categoria dos bens de investimento do que dos bens de
consumo. Assim, a máquina de lavar roupa, a geladeira e o fogão, por exemplo,
são certamente mais necessários do que o automóvel para a grande maioria das
famílias. Embora isto possa variar de acordo com a renda das famílias, na média
isto está bem perto de ser verdade.
Finalmente,
cabe lembrar que a poupança feita previamente ou mesmo posteriormente, via
crédito, não pode dispensar o equilíbrio da decisão entre consumo e
investimento. Enquanto o investimento prepara o seu futuro, o consumo recupera
seu desgaste físico e emocional que ocorre no dia a dia.
Mario,
ResponderExcluirParabéns!
Você conseguiu mais uma vez atacar no ponto principal: A questão da diferença entre Dívida Boa e Dívida Ruim.