segunda-feira, 21 de novembro de 2011

FRAGILIDADE FISCAL


Depois de duas reduções consecutivas da taxa primária de juros da economia pelo Banco Central, acabam de ser divulgados e atualizados até o final do mês de outubro de 2011 os dados do balanço do Banco Central. Embora esteja faltando ainda a execução financeira consolidada do governo, uma primeira avaliação dessa estratégia já pode ser feita.

A evolução da conta corrente do Tesouro Nacional, que figura obrigatoriamente no passivo do Banco Central mostra ao final de outubro um valor de R$ 434,2 bilhões, contra R$ 423,6 bilhões em setembro de 2011 e R$ 410,5 bilhões registrados em dezembro de 2010.

Sabemos que esses números pouco revelam da verdadeira situação da conta corrente do Tesouro Nacional, pois estão aí creditados todos os valores correspondentes aos títulos livres do Tesouro que figuram na carteira do BACEN, na expectativa de serem vendidos ao público em momentos futuros.



A Carteira de títulos mobiliários possuída pelo Banco Central, apresentou um valor global de R$ 742,4 bilhões e é formada em sua totalidade quase absoluta por títulos do Tesouro Nacional que costumam ser classificadas em dois grandes grupos, a saber: 



a)      Um primeiro grupo formalmente denominado Títulos Vinculados a Recompra é objeto das operações de Mercado Aberto e do Extramercado, também batizadas pelo Banco Central de Operações Compromissadas com títulos públicos federais. Em outubro/11, o valor em balanço é de aproximadamente R$ 389 bilhões.

b)      O restante é denominado Títulos Livres, tem um valor de R$ 353,1 bilhões em outubro 2011, e não poderia ser creditado ao Tesouro enquanto não fosse vendido ao público.

Assim, uma estimativa adequada da conta corrente do Tesouro Nacional seria aquela que deduzisse os títulos livres na Carteira do Banco Central. Isto nos daria um valor de R$ 81,1 bilhões, algo bastante realista e bem mais próximo dos R$ 75 bilhões do superávit primário, última informação conhecida referente ao período jan-set/2011 e equivalente a 2,5% do PIB, segundo estimado pelo próprio BACEN.

As duas quedas dos juros não foram capazes de zerar o déficit nominal até aqui, e como a poupança financeira medida pelo M4 já ultrapassa os 84% do PIB, isto fica progressivamente mais difícil.


 Como o crescimento das receitas está em franca desaceleração, as possibilidades de elevar a meta do superávit primário são remotas e devem ser descartadas. 
A disposição para realizar algum esforço fiscal já foi deixada em segundo plano, para outra oportunidade.

O Banco Central continua a apostar na deterioração da situação internacional como grande freio e moderador da inflação doméstica. 

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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Macroeconomista, Consultor e Professor da Fundação Getúlio Vargas - FGV e da FK Partners. Autor do livro Saia do Vermelho - Editora Qualitymark

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