segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O LEGADO DE MEIRELLES: ÊNFASE NAS RESERVAS COMPULSÓRIAS MELHORA O CONTROLE MONETÁRIO.

Em condições normais de funcionamento os principais instrumentos a serviço da realização de uma taxa de juros de equilíbrio são, na ordem decrescente de importância, o mercado aberto, os compulsórios e o redesconto.

A entrada de capital em direção aos países emergentes não tem sido pequena, e ainda prossegue. Um certo grau adicional de desorganização econômica tem relação direta com esse fenômeno, pois são poucos aqueles países que tem poupança suficiente para acomodar esses capitais sem ter que se conformar com a forte valorização de suas moedas.



No Brasil, especialmente a partir de 2009, a esterilização da entrada de capital excedente, além do destinado a cobrir o déficit em transações correntes, tem provocado uma elevação contínua do estoque de Reservas Internacionais nas mãos do Banco Central. A neutralização da moeda, assim criada, passou a ser feita em 2010 preferencialmente com a elevação das reservas compulsórias sobre os recursos captados pelo sistema financeiro: poupança, depósitos a prazo e câmbio.

Em vez de utilizar a colocação de títulos do Tesouro, o Banco Central optou por aumentar as exigências do compulsório além do usual. A partir disto os números das Reservas Internacionais, superiores a R$ 526 bilhões, passaram a rivalizar com o total do passivo monetário e de títulos de emissão própria do Banco Central (reservas bancárias sobre depósitos a vista e a prazo, inclusive câmbio), R$ 531,2 bilhões em junho de 2011.

Esta decisão foi capaz de fazer ingressar no caixa do Bacen, R$ 274,7 bilhões em 2010 e R$ 25,7 bilhões neste primeiro semestre de 2011, muito além dos R$ 108,3 bilhões de aumento das Reservas Internacionais registrados nesses dois períodos somados.


Com isto, o espaço para colocação de títulos livres do Tesouro inscritos no Ativo do Bacen se reduziram, encurtando o espaço para emissão de novos títulos do Tesouro.

Conclusões:

- a estratégia posta em marcha por Meirelles ainda não foi mudada e continua gerando resultados até agora;

- o grande fator que atua na direção de manter tal estratégia é o empenho de controlar a inflação até 2012, que acaba operando de fato como a única restrição efetiva capaz de fazer as autoridades se conformarem a ficar dentro do orçamento aprovado.

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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Macroeconomista, Consultor e Professor da Fundação Getúlio Vargas - FGV e da FK Partners. Autor do livro Saia do Vermelho - Editora Qualitymark

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